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terça-feira, 5 de junho de 2012

bichos da africa

:: Bichos da África 2, de Rogério Andrade Barbosa – Ilustrações: Ciça Fittipaldi – editora Melhoramentos
São quatro volumes compostos por lendas e fábulas da tradição oral africana. Em todos os volumes um avô conta as diversas histórias ao seu neto Os dois primeiros volumes foram escolhidos por reunirem todas as justificativas contidas abaixo.

O primeiro volume contém duas fábulas. A primeira história gira em torno de uma sucessão de eventos que foi iniciada por uma mosca (a mosca trapalhona), que acaba tumultuando toda a aldeia. A segunda história envolve a esperteza da tartaruga presa em uma armadilha com o leopardo.
O segundo livro reúne três histórias. A primeira narra o casamento de uma moça com uma cobra, a segunda envolve a disputa entre dois deuses e finalmente a terceira conta a história de um pássaro que ajuda uma abelha, mas quando ele precisa de ajuda ela não retribui.
Observações gerais
Os contos retratados no texto são elaborados a partir de narrativa que explora a tradição oral africana. O passado não é visto como algo que passou, mas como um contínuo do presente. Essa continuidade pode ser vista na relação do contador com o neto e dos fatos cotidianos que geraram as histórias. Outras lógicas culturais, que não a européia, se interpõem nas histórias, transformando o conteúdo em valores e filosofias representativos de uma cultura. A coleção insere-se na vertente literária que privilegia a mitologia africana.
Justificativa da escolha dos dois livros para um programa
- Os livros narram histórias da mitologia africana e a ilustração remete à arte ioruba.
- Por meio dos livros é possível conhecer o dia-a-dia, o modo de vida, os costumes de uma aldeia africana no preâmbulo que antecede cada conto.
- Parte da mitologia africana é explicitada por meio dos contos tradicionais.
- A função da tradição oral é desvelada no aprendizado do neto. A força da relação familiar no processo de conhecimento de uma cultura e de identidade cultural.
- O tempo (o conceito de circularidade temporal africana) é trabalhado nos contos. Na imbricação do evento cotidiano que gera a história contada pelo avô, do próprio tempo da história (tempos imemoriais) e a função pedagógica do conto que aposta em um “futuro” com assimilação do neto, são construídas as temporalidades africanas.
Especificamente pode–se trabalhar os seguintes aspectos com cada livro
- Em todos os volumes a relação neto e avô é entremeada pela necessidade de transmitir o conhecimento acumulado pela comunidade. Assim, um fato cotidiano é o mote para uma história e um determinado aprendizado. A lembrança do estouro da manada na página 3, no volume 1, por exemplo, cumpre esse papel.
- Em “a mosca trapalhona”, uma ação da pequenina mosca desencadeou uma sucessão de eventos que chegou até a aldeia. A história ressalta que nenhum dos envolvidos tinha a noção do conjunto e que só o chefe da aldeia, ao procurar entender toda a situação, desenrolou toda a trama. O chefe percebeu que uma pequenina ação pode ser importante, mesmo que o protagonista da ação não tenha esse conhecimento. Na página 10 o chefe, ao reunir o conselho, explicita essa preocupação.
- Em a “tartaruga e o leopardo”, a mensagem envolve o uso da astúcia e do conhecimento. A história começa com o avô ressaltando a necessidade do caçador conhecer os hábitos dos animais, tal qual a tartaruga conhecia o leopardo. A esperteza da tartaruga estava em utilizar esse conhecimento em benefício próprio, tal como o que ocorreu na página 14.
- Em “a moça e a serpente”, o que está em discussão é a desobediência. O erro da moça foi desobedecer às tradições que impunham ao pai a escolha de um noivo para a moça (páginas 3 e 4). O fato de ela ter sido induzida ao erro não impediu que os familiares fossem socorrê-la. O carinho e o afeto existentes na família, tal como mostra o texto na página 6, e a ajuda mútua permitiu a vitória da família contra a grande serpente, como conta a historia nas páginas 7 e 8. Cada irmão da moça tinha uma habilidade, mas foi a união coordenada de cada habilidade que possibilitou a grande vitória contra a serpente (página 9).
- Em “a vingança da Eraga” (deus da chuva), a captura de hipopótamo na aldeia foi o mote para trabalhar a questão do orgulho. A forma pomposa como o deus da terra e do fogo foi se queixar ao deus da chuva, fez com que seus campos secassem, tal como explicita o texto na página 10. O reconhecimento por parte de Ugubane (deus da terra e do fogo) da forma inadvertida como tratou Eraga resolveu o problema da seca (página 12).

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